quinta-feira, 7 de março de 2013

CASO BRUNO


Bruno, o ex-goleiro, será condenado? Na minha opinião ele foi condenado desde o desaparecimento de Eliza Samúdio.

A Constituição brasileira diz que todo cidadão tem direito a “ampla defesa” e ao “contraditório”. Isto, é, tem o direito de usar todo e qualquer artifício em sua defesa. Não acho que Bruno tenha usado bem esse direito. A defesa, na minha opinião, começou errada, desde início. Primeiro grande erro: os réus (Bruno, Macarrão e Bola) tinham o mesmo advogado, Ércio Quaresma. Ora, era óbvio que os interesses eram divergentes ou em algum momento se tornariam. Para piorar, Ércio Quaresma foi flagrado fumando craque e admitiu o vício na droga, como vemos abaixo. Bruno e Macarrão trocaram de advogado. Quaresma passou a defender somente Bola. Segunda falha: o adolescente, primo de Bruno e principal testemunha do caso, deveria ser desqualificada. A própria mãe admitiu que o menor era viciado em drogas e já havia até realizados pequenos delitos para sustentar o vício.





Não quero defender Bruno, Macarrão ou qualquer outra pessoa. Meu objetivo é analisar o caso e as diferenças da Justiça. Já dizia o samba-enredo da Vila Isabel, de 1989, “A Justiça é cega, mas enxerga quando quer. Já está na hora de assumir”. Já passou da hora.
Reafirmo, independente do resultado do julgamento, que Bruno já foi condenado, muito antes de ser julgado. Isso é inadmissível.

Analisemos: Por que os réus foram mantidos presos até o julgamento se tinham endereço fixo, emprego, não atrapalhariam as investigações e não representariam perigo à sociedade? Por que a defesa não teve acesso aos autos? Por que foram acusados, desde o início, de assassinato se o corpo nunca fora encontrado? Havia materialidade desde o início? Não, pois não havia corpo. A materialidade só pode ser avaliada tempos depois, com depoimentos, testemunhos e investigação. Então por que ficaram presos desde o início? Respondo: porque era o Bruno, goleiro do Flamengo. Personagem conhecido da mídia. A Justiça enxerga sim. Se fosse uma pessoa comum, muito provavelmente, esperaria o julgamento em liberdade. Talvez até fosse preso durante a investigação, mas não desde o início.

Eles ficaram presos para que a Justiça não fosse exposta a um escracho público. Para que a sociedade não se voltasse contra a instituição. Para preservar a imagem da Justiça perante a sociedade. Isso é justo? Uma pessoa pública tem que ser julgada diferentemente de uma pessoa comum? Então há distinção entre cidadãos? Acho que todos têm que ser julgados igualmente para que se exponha a realidade dos processos. Caso os réus conseguissem responder em liberdade como acredito que qualquer cidadão conseguiria, esse fato viria a tona e a sociedade poderia discutir o sistema. Se alguma coisa está errada é o sistema. Esse deve ser debatido. O que aconteceu foi que a Justiça encobriu o que ocorre normalmente, mandando os réus pra cadeia, desde o início. Com isso, a sociedade teve a sensação errada de que está tudo certo com a Justiça brasileira. “Temos Justiça”. Ora, não se iludam. O sistema é falho e erra muito.

Conheço casos de gente que ficou presa quando deveria estar solta e de gente solta que deveria estar presa. Uma mulher ficou presa 3 meses por roubar uma margarina em um mercado. Em outro caso, um detento ficou preso quase 3 anos depois da data que deveria estar solto. Porque não tinha dinheiro para pagar um advogado e porque a defensoria pública não agiu para libertar o homem. E quantos estão hoje na cadeia, mas já deveriam estar nas ruas? Quantos estão na rua e deveriam estar presos? Quantos mandados de prisão expedidos existem para serem cumpridos, mas os condenados estão por aí?

Quero chamar a atenção para a bagunça, o descaso. Nós também somos culpados por isso. Por não cobrar e por termos a memória curta. Querem ver? Vou citar alguns nomes aqui. Vocês vão se lembrar da maioria deles, mas não devem se lembrar o que eles fizeram e muito menos o que acontece com eles hoje. Vamos lá:

Alexandre Nardone; Luiz Estevão, Paula Thomaz, Nicolau dos Santos Neto, Georgete dos Santos, Marcos Valério, Hildebrando Pascoal, Sérgio Naya, Guilherme de Pádoa, e tantos outros. Vocês certamente se lembraram de vários outros nomes que foram destaque por escândalos e crimes, mas não sabem o que aconteceu. Qual foi o fim. Se não está na mídia, ninguém fala, então cai no esquecimento. É o quarto poder. A mídia pode não conduzir sua opinião sobre um fato, mas com certeza determina quais fatos serão analisados. Não comanda como você pensa, mas impõe sobre o que você vai pensar. E a culpa é nossa que deixamos acontecer isso por preguiça, por falta de tempo, por inércia.

Voltemos ao caso. O caso Bruno foi conduzido para servir de exemplo. Assim como faziam na antiguidade executando ladrões em praça pública para que o povo temesse a “justiça real”.
Vejam bem, ele já confessou, no julgamento, que sabia que Eliza havia sido morta, segundo ele, a mando de Macarrão. Ele tem relativa culpa. Ele deve ser punido por esse crime bárbaro. O que discuto é se deve ser diferente de qualquer cidadão comum. Sendo assim, a Justiça vai vedar as mazelas da instituição e por clamor do próprio povo. A própria sociedade está pedindo para ser enganada.

As sociedades têm necessidade de ser enganadas. Vejamos a Venezuela. Chavez passou a vida pregando contra o 'imperialismo americano'. Contra o capitalismo. Pois bem, 40% do petróleo venezuelano é vendido para os Estados Unidos, além de serem o país que mais vende produtos para a Venezuela. Então, a economia da Venezuela depende dos Estados Unidos. Eles criticam o que lhes dá comida. Hipocrisia, populismo barato e o povo compra como discurso revolucionário.

A nossa sociedade, mesmo sabendo que não é o tratamento normal, se sente satisfeita porque “pelo menos nesse caso foi feita justiça”. Desculpem, mas pra mim é muito pouco, além de não ser justo. A Justiça de verdade é igualitária. Não faz distinção. Se admitirmos que haja diferença nos julgamentos por esse motivo, teremos que aceitar outras distinções. Se é famoso tem julgamento diferente? Pode ser que alguém ache que um rico tenha que ter um tratamento diferenciado. Ou um político, Ou um homossexual Ou um negro. Ou um religioso, etc. Então achamos certo um famoso ser julgado diferente, mas um político não pode? Por que? Um milionário não pode? Por que? A Justiça deve ser uma só. Para TODOS. Se não estiver bom, então discutiremos o sistema, as leis.

Aproveitemos para pensar sobre as coisas e tentar enxergar além do que a notícia nos trás. A notícia é fria. É o fato. Temos que ter uma visão maior, discutir e não esquecer do que passou. Um povo sem memória é uma sociedade entregue aos que as fazem esquecer.

Então, tá. Até a próxima.

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